Ela é a profissional de Administração e atual Superintendente de Fomento à Ciência, Tecnologia, Inovação e Incubação fala sobre a profissão e a necessidade de adaptação durante a pandemia. “Ser Administradora é estar conectada com as pessoas e com o mundo”, diz Adm. Marilza Trindade Mendonça
Doutoranda em Administração do Agronegócio e Organizações pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), a Administradora Marilza Trindade Mendonça, 50 anos, é a convidada desta semana para um bate-papo sobre a profissão. Desde o início do mês, o CRA-MS tem publicado uma série de entrevistas com Administradores, em comemoração ao Mês do Administrador.
Administradora desde 2011, Marilza lecionou Karate por 30 anos. A carreira profissional na área de Administrador começou como Fiscal Administrador do CRA-MS, em 2012. No Conselho, ela também atuou como Gerente Administrativa. Em 2018, deixou o CRA-MS para assumir um concurso da Prefeitura Municipal de Campo Grande. Após passar pelo IMPCG e Funesp, há quatro meses a Administradora está na Secretaria Municipal de Inovação, Desenvolvimento Econômico e Agronegócio (Sidagro), onde ocupa o cargo de Superintendente de Fomento à Ciência, Tecnologia, Inovação e Incubação.
“É uma superpotência voltada para pensar soluções inovadoras e tecnológicas, baseada na Ciência, para ofertar aos empreendimentos incubados e aos futuros atores do Parque Tecnológico e de Inovação, soluções inovadoras em gestão”, resume.
Em 2017 recebeu do CRA-MS a “Moção de Reconhecimento”
Confira o bate-papo na íntegra:
CRA-MS: Para você, o que é ser Administradora?
Marilza Mendonça: Para mim, ser Administradora é estar conectada com as pessoas e com o mundo. O Administrador precisa de uma visão holística tanto do ambiente externo quanto do ambiente interno da empresa, pois é preciso entender o real papel dos atores que impactam de alguma forma, a gestão das organizações, sejam elas privadas ou públicas. Embora, com objetivos diferentes, seja o foco no lucro (no caso de uma empresa privada), ou o foco na oferta de serviços ao cidadão (no caso da empresa pública), ambas devem entender o propósito maior, que é de fato atender as necessidades do indivíduo. Sem este entendimento do que de fato importa às pessoas, nenhuma empresa, seja pública ou privada, conseguirá promover o desenvolvimento em quaisquer vertentes da sustentabilidade, seja a social, a econômica ou ambiental.
CRA-MS: – No período da pandemia, você acredita que os profissionais precisaram se reinventar?
Marilza Mendonça: Com certeza, costumo dizer que, embora pareça um tanto macabro, a pandemia também trouxe um lado bom para a humanidade. Reinvenções, invenções e adaptações tiveram que ser potencializadas por todos, sobretudo pelos profissionais da área da Administração e Saúde. Nunca o empreendedorismo esteve tão evidente, mesmo que tenha sido por uma questão de sobrevivência mesmo, tanto das famílias quanto das organizações. Empresas, empreendedores e profissionais que foram resilientes neste período conseguiram potencializar o seu negócio até por pequenas ações como a disponibilidade de seu produto/serviço via TICs (Tecnologias de Informação e Comunicação) e até uma organização em termos da logística da entrega do seu produto/serviço exigiu um esforço e inovação no processo.
A pandemia não foi a primeira na história da humanidade e nem será a última e os profissionais gestores devem aprender com esta nova fase e entender que certas coisas não voltarão a ser como antes e devemos estar preparados tanto na gestão pública quanto na privada, para esses novos modelos de negócio, de uma atenção ao comércio justo, verde e uma preocupação com a produção e disponibilidade de serviços por localidade, daí, a importância mais do que nunca, de ter este olhar para o que é humano, para as pessoas.
Devemos pensar em como promover o desenvolvimento local por meio de empresas éticas e preocupadas com o desenvolvimento humano como um todo, devemos nos preocupar em como promover isso tudo por meio do empreendedorismo, da geração de emprego e renda e de como preparar esses empreendimentos mais distantes dos grandes centros para que eles possam de alguma forma, levar qualidade vida, bem-estar e felicidade para os indivíduos, o que só poderá ser alcançado por meio de uma postura mais comprometida do Administrador e de todos os envolvidos. Parece utópico, mas é perfeitamente possível quando se faz uma gestão com seriedade, pautada em valores e princípios norteadores e de políticas públicas sérias e organizadas. Tudo isso passa primordialmente por profissionais da Administração.
CRA-MS: Qual recado deixa para quem está pensando em seguir a profissão de Administrador?
Marilza Mendonça: Costumo dizer que não há fórmula para a Administração e para o Administrador que necessita gerir uma empresa e seu maior capital, o humano. Mas, é preciso que este profissional entenda que deve estar em constante aprendizado e estudo e que a organização é de fato um organismo vivo e, como tal, é preciso que haja sinergia de seus componentes para que esteja sempre com saúde. E, para tanto, o administrador deve estar atento a todas as ferramentas que estão ao seu alcance para a gestão, mas de uma forma síncrona e conectada, ou seja, sistêmica. É preciso, sobretudo, que o profissional Administrador entenda que ele deverá se valer de todas as competências que fez parte de sua formação na universidade, porque em algum momento, este gatilho do aprendizado deverá ser acionado.
Como é um profissional de múltiplas competências, pela própria formação, deve entender que o trabalho colaborativo, com a contribuição de diversas áreas, como direito, ciências contábeis, psicologia e muitas outras terão suas importantes contribuições em suas tomadas de decisão, sejam elas operacionais, táticas ou estratégicas. E, mesmo assim, brainstorms com a equipe e benchmarking com outras organizações são palavras-chave de uma boa gestão.
CRA-MS: E para os colegas Administradores, qual recado deixa agora no Mês do Administrador?
Marilza Mendonça: Para os meus colegas Administradores, neste mês em especial, gostaria de apenas lhes desejar, primeiramente, muita saúde e, depois, muita força e sabedoria em suas tomadas de decisão para que passemos por este período turbulento em que nos encontramos, de uma forma rápida, segura e com menor impacto econômico, financeiro e social para as pessoas e organizações. Meu conselho é de que não desistam entendendo que uma gestão com profissionais administradores é reconhecidamente mais promissora.